
MENINAS
As meninas são todas como eu:
A guardar astros que serão bordados,
A recolher os olhos deslumbrados
Depois duma viagem pelo céu.
E vestem blusas para esperar a tarde
Que há-de surgir ao fundo da vereda
E crispam dedos de sonhar a seda
Que a tarde trouxe e na cantiga arde.
Fincam braços no chão do parapeito
E debruçam o corpo para a lua
E temem vultos negros pela rua
E sentem fogo a iluminar-lhe o peito.
E deitam-se nas camas encantadas
E olham luar correndo nas campinas
E são felizes porque são meninas
E porque a vida as vai fazer mudadas.
Antologia Poética - Natércia Freire
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