
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti, como de mim.
Perde-se a vida, a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz, seria
Matar a sede com água salgada.
Câmara Ardente – Miguel Torga
2 comentários:
de todos os poemas que conheço de torga (confesso que não são muitos) este é o que mais me toca... no fundo o que eu mais gosto!
um beijo, zé
Esta pequena hora,
Sem o teu vulto, sem a tua espera,
Foi uma hora triste;
Foi como quando se acorda em primavera
Já quando a primavera não existe.
TORGA, Miguel - Diários Vols. I a VIII. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999, Diário 1, p. 87
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