
somos iguais em todas as metamorfoses, percorremos os mesmos lugares. a cidade cansou-nos gota a gota de um anestésico perfeito e não queremos partir. estamos suspensos numa teia tecida com cabos de aço que nos ligam a pessoas e edifícios. deslocamo-nos pela tensão de uns cabos sobre outros, num ritmo não natural, como o de uma marioneta que se cria a si própria. estamos sentados na cama, com a mala ainda vazia dos objectos espalhados pelo quarto, a sensação de que não chegaremos a partir e de que já só podemos ser diferentes noutro lugar.
Tiago Araújo - Livre Arbítrio
1 comentário:
Tão iguais que diferentes.
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