
(…)
“ Seria preciso falar desta experiência como se fala, por exemplo, do mar. O mar estava presente, todos os dias com ele convivíamos, víamo-lo, pensávamos nele, mas não sabíamos o que queria dizer. O mar, porém, sabia. Era ele que cercava as cidades, era ele que organizava os pensamentos dos homens, que regulava as suas músicas, os seus quadros e os seus poemas. E não o contrário. Como imaginar uma coisa destas? Quando a gente se servia das palavras da linguagem, e na folha branca as alinhava, não nos dávamos conta de que alinhávamos conchas. E o que um dia se descobre, sem se dar por isso, só por se estar sentado num rochedo diante do mar, é que a experiência dos homens está incluída na experiência do universo. E isto, verdadeiramente, é terrífico, e ao mesmo tempo é aprazível, porque nessa altura muitas palavras surgem, muitas palavras desabam. Quer isto dizer que a linguagem é uma expressão do universo modificada pela boca dos homens, uma linguagem por assim dizer interpretada, e cujo original há-de sempre ficar sem tradução.”
(…)
ÍNDIO BRANCO – J.M.G. Le Clézio
3 comentários:
"Quer isto dizer que a linguagem é uma expressão do universo modificada pela boca dos homens, uma linguagem por assim dizer interpretada, e cujo original há-de sempre ficar sem tradução.”"
_____________???________________
será?
não vou des.dizer....mas será mesmo?
.
volto.
íris.
ontem diria que sim. mas hoje é mau dia para afirmações categóricas.
sabes, alguém baralhou o equilíbrio tácito entre o saber e o sentir...
e eu estou a adaptar-me a este estado de dúvida...
beijo íris.
:)))))))))))))))))).
________.
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