O meu tio retirou a máquina fotográfica do seu estojo, fez experiências contra o sol, fechou os olhos, tapou os olhos com a pala do boné, andou às arrecuas, para os lados, correu, ajoelhou, e depois, finalmente, mandou-me que o olhasse.
«Mas antes colhe um ramo de margaridas!»
Colhi-as, fiz um ramo, olhei para ele contra o sol, de lado, sentada no meio das flores, de perto, de mais longe, com e sem chapéu, e quando cheia de soberba por me sentir rainha, olhei de três quartos, com a boca unida, cheia de silêncio, o meu tio gritou.
«Isso, isso, não te mexas, Greta Garbo!»
A Instrumentalina, de Lídia Jorge
«Mas antes colhe um ramo de margaridas!»
Colhi-as, fiz um ramo, olhei para ele contra o sol, de lado, sentada no meio das flores, de perto, de mais longe, com e sem chapéu, e quando cheia de soberba por me sentir rainha, olhei de três quartos, com a boca unida, cheia de silêncio, o meu tio gritou.
«Isso, isso, não te mexas, Greta Garbo!»
A Instrumentalina, de Lídia Jorge
1 comentário:
apetece-me brincar...
só falto eu na capa do livro!
um campo de margaridas?
uma bicicleta sem condutora?
um dia aparentemente ameno?
seria eu a posar para o tio?
beijo
luísa
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