
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
O Encantador de Palavras – Manoel de Barros
5 comentários:
Feitos postiços dos verbos em verdades fantásticas.
Autor laureado com o "Prémio Orlando Dantas" em 1960, pelo seu livro "Compêndio para Uso dos Pássaros", tendo sido agraciado com o Prémio da Fundação Cultural do Distrito Federal, em 1969, pela obra "Gramática Expositiva do Chão", recebendo, ainda, um prêmio de âmbito nacional (Brsail), em 1997, pelo livro "Sobre Nada".
Gostei bastante. Obrigada pela partilha
as palavras enfeitiçadas são muito mais leves
Delicioso poema do Manoel de Barros! Sim, feitiço das palavras... dos sons e sentidos... da música e dos matizes, da vida!... a mágica do ser, do voar, do arriscar e descobrir... Abraços alados.
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