do lugar dos outros

do lugar dos outros

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Há no mundo uma falha. Os poentes são labaredas roxas: resquícios de escarlate, dois, três jactos violetas que se estendem pelo céu - uma maravilha quimérica. A primavera prolonga-se: superabundância de flores nas árvores, espiritualidade na matéria, como se as árvores fossem morrer. Mais flores, mais poentes onde o ouro e o roxo predominam, mais gritos no mundo, mais vulcões de cores, que pressagiam catástrofes, e um ruído apagado, esquisito, insuportável dentro de nós próprios, que só comparo ao som de uma borboleta esvoaçando contra as paredes de um vaso.


É a morte que faz falta à vida.


HÚMUS - Raul Brandão


1 comentário:

pin gente disse...

um novo espaço
aberto aos outros
hoje reparei nele
lado a lado com o teu



não sei quantas vezes já disse e escrevi esta frase. ouvia-a de um professor e acompanhou-me a partir de então:
"uma obra é 10% inspiração e 90 transpiração" (também digo sempre que não garanto ser esta a percentagem que ouvi, mas andarei lá perto).

parabéns. sucesso, sei que terás!
um beijo grande
luísa