do lugar dos outros

do lugar dos outros

sábado, 18 de abril de 2009


um dizer ainda puro

imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.

dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.

diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.

Vasco Gato – Um mover de mão

3 comentários:

Texto-Al disse...

adoro o livro;)

T.

tchi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro S. Martins disse...

Tentem arranjar o "A prisão e paixão de Egon Schiele", editado pela &etc.