do lugar dos outros

do lugar dos outros

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009











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Não é poema

não se escolhe: sente-se

um diamante vivo respira no centro do meu peito
sentes?
as suas faces espelhos onde me vejo
órgão rosto jóia
interrompem o ruído de uma maça trincada
que caiu súbita ao chão –

lembra-me que já fui carvão
cruz pregos martelo

sentes o hálito dos anjos?
aproxima-te
meçamos a voltagem dos metros sacros
entre golfadas

desejo-te como só as pedras:
rubra é a fenda
onde urge o magma
lava emerge à tona das nossas bocas
as carótidas dançam nas nossas bocas

não escolhi: sinto

reordenas todos os meus nomes
polindo todas as faces do diamante
com uma rosa dentro
enches-me o altar de frutos ternos
incandescentes rebentos brotam
constelações puras descem
… com harpa tão perto

de ouro se tecem as moléculas que respiramos
para polirmos mais diamantes

e assim o mundo adormece
em crepúsculos dourados

não penses


Suzana Guimarães

cràse - revista de literatura emergente – nº 0

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