Se escrevo não é para procurar a minha voz
a minha voz está em toda a parte embora não a ouça
É sempre precisa uma palavra como quem acende uma lâmpada
mesmo que seja apenas para iluminar uma página branca
Talvez só o leitor descubra a terra das palavras
e a voz que não é a minha como a voz do outro
Só ele talvez sinta a ferida que em mim não dói
porque escrever é sempre ir além do que se sente ou não
Não escrevo para ascender ou mergulhar no fundo
mas para evitar uma queda ou atolar-me num charco
Se o mundo é composto de apelos sufocados e vertiginosas linhas
quando o escutamos nada mais ouvimos do que o rumor da ausência
e não sabemos se ela é a dimensão do silêncio
ou a lentidão alheia do deserto
As Palavras - António Ramos Rosa
do lugar dos outros
segunda-feira, 3 de março de 2008
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1 comentário:
LINDO seu espaço!!estou encantadacom os poetas,escritores e a tua sensibilidade.Voltarei sempre.belo achado Maria Quintela.Prazer conhece-la.
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