do lugar dos outros
sexta-feira, 13 de junho de 2008
NÃO DIZIA PALAVRAS
Não dizia palavras.
Aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as nuvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio de sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Antologia Poética – Luís Cernuda
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2008
(67)
-
▼
junho
(6)
- Porém, o que dói é a ausência de dor na face dosm...
- Quais são as fronteiras entre a liberdade e a dep...
- «Sonhamos enquanto vemos. Vemos enquanto sonhamos...
- 424 Quando estiveres cansado de olhar uma flor, u...
- NÃO DIZIA PALAVRASNão dizia palavras.Aproximava ap...
- ENCOMENDADesejo uma fotografiacomo esta – o senhor...
-
▼
junho
(6)
1 comentário:
talvez o próprio deseja se saiba
beijo
Enviar um comentário